O dia da Retribuição.
É Natal. Os subúrbios estão decorados com renas, elfos e néons, enquanto se aguarda a chegada do Pai Natal. A paisagem está enfeitada de neve e o ar ecoa canções corais de Natal e do Grande Bing Crosby. Na televisão, com a pontualidade de um relógio, passam os filmes de todas as épocas natalícias anteriores e que ninguém consegue enjoar.
Por entre os devaneios retro de um “Turbo Kid”, a loucura sem limites de “Yakuza Apocalipse” ou os nervos contidos de “The Invitation” seria fácil “The Shrew’s Nest” (que teve uma presença discreta no Cinefiesta de 2014), passar despercebido na 9.ª Edição do MOTELx. Seria… mas não foi.
De há uns anos a esta parte a recepção aos filmes de terror tailandeses tem esmorecido. Outrora criativo e arrojado, realizadores e argumentistas parecem agora contentar-se com estórias batidas até à exaustão. No entanto, ainda podem ser encontradas algumas excepções em Banjong Pisanthanakun (“Alone” 2007; “Pee Mak” 2013) e Sophon Sakdapisit que estreou o filme anterior “Laddaland” na Edição do MOTELx de 2012 e agora retorna com este “The Swimmers”.
Quase três horas de explosões monstruosas, sucessivos desfiles de carros desportivos, raparigas que parecem saídas de um catálogo de lingerie e robots dignos de proporcionar um prazer orgásmico ao menos ávido dos coleccionadores é o que tem para nos oferecer a mais recente prova do exibicionismo de Michael Bay.
Imaginem uma espiral, uma que nunca mais acaba, num movimento continuo. Eterna. Passado algum tempo chegamos à conclusão que nada vai mudar. É sempre o mesmo nada. Pronto. “Rasen” é isto, quase sem variação que justifique o facto de ser a sequela de “Ringu”, o filme que arrepiou pessoas por esse mundo fora e as fez ter medo de raparigas com cabelos compridos de cor azeviche, sobretudo se, se chamarem Sadako.
Sadako. Desde o primeiro filme, há 14 anos, que este nome é sinónimo de morte. O seu perfil não apresenta uma única característica redentora. Quando muito, o longo vestido branco significando pureza, parece deslocado e só contribui para aumentar a sensação de desconforto e desconcerto. A única característica que poderia talvez suavizar o facto de Sadako ser um espírito vingativo é um passado trágico. Eis que, três filmes depois e, 30 anos antes do início da maldição é-nos apresentada uma Sadako (Yukie Nakama) jovem, aspirante a actriz que pretende deixar para trás os traumas de criança. Ela é a “Sadako” que conhecemos desde o primeiro momento, vestido roupas que escondem conscientemente as formas femininas, a imagem de marca do cabelo a cobrir o rosto (belo, já agora), uma postura corporal de um ser indefeso e uma timidez penosa. A sua introversão e afectação leva a que seja considerada uma estranha pela equipa da companhia de teatro e a vítima ideal dos rufias.
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